Cinema e ditadura em plataforma virtual
Aqui dialogamos com os atravessamentos entre cinema e a ditadura empresarial-militar brasileira
Quem Somos
Este blog integra a Linha de Pesquisa Cinema e Ditadura em Plataforma Virtual vinculada ao Grupo de Pesquisa certificado no CNPq "Subjetividade, Memória e Violência do Estado". Nossa proposta é colaborar para o fortalecimento e para a aquisição de conhecimentos relacionados à memória da ditadura empresarial-militar brasileira (1964-1989) e dialogar com esta memória por meio das imagens. A linguagem cinematográfica é mágica, nos reporta para lugares, sensações, desejos, vibrações, sons e imagens delirantes; cria em nós rotas de fuga, libera nossas emoções, produz novas subjetividades, capazes de adicionar um novo tempo ao tempo duro do real e um novo movimento, além da imobilidade dessa domesticação pandêmica, essa nova máquina de guerra apropriada pelo capitalismo para nos capturar.A linha de pesquisa "Cinema e Ditadura em Plataforma Virtual" tem como objetivo principal contribuir para a difusão da memória da ditadura empresarial-militar brasileira, por meio da linguagem audiovisual, ligados a um glossário de temas pertinentes a este assunto, com verbetes sobre cada um destes temas.
São estes elementos que compõem a pedagogia cinematográfica. Ao construírem o "todo", não como um conjunto composto de partes, mas como atravessamentos simbólicos em que cada segmento da cena, por mais ínfimo que seja, apresenta-se como possibilidade de comunicar-se infinitamente com outros segmentos, promovendo um pensar constante. O sociólogo Nobert Elias nos alerta que "temos que encarar criticamente as estruturas do discurso e do pensamento que herdamos para ver como elas são úteis na investigação de relações ao nível específico de integração que a sociedade humana representa" (ELIAS, 2008, p. 123). Assim como a percepção de que não há como pensar o indivíduo fora da sociedade e a sociedade fora do indivíduo e de que ambos não são estáticos. "O tecido das interdependências entre os homens é aquilo que os liga uns aos outros. São elas que constituem o núcleo daquilo que se designa aqui como figuração - uma figuração de homens orientados uns para os outros e dependentes dos outros." (ELIAS, 1989, p. 45)
No início da década de 1980, ainda sob a ditadura, diversos cineastas procuraram apresentar versões cinematográficas sobre este período. O documentário Cabra Marcado para Morrer (1984) e o filme Pra Frente Brasil (1984) são exemplos importantes. Na década de 1990, o projeto neoliberal, no Brasil, produziu um amortecimento da cultura e do cinema. O que resultou em um número muito restrito de filmes nacionais e, conseqüentemente, em um reduzido número de filmes sobre a ditadura.
A partir do final da década de 1990 e nas décadas seguintes, verifica-se um recrudescimento da cultura e do cinema brasileiro. Uma quantidade expressiva de filmes sobre este período de opressão vêm a público. Entre eles: Zuzu Angel (dir. Sérgio Resende, 2006), Araguaya (dir. Ronaldo Duque, 2005), Batismo de Sangue (dir. Helvécio Ratton, 2007), Corte Seco (dir. Renato Tapajós), Hercules 56 (dir. Silvio Da-Rin, 2006), Sonhos e Desejos (dir. Marcelo Santiago), Operação Condor (dir. Roberto Mader), Vlado, 30 anos depois (dir. João Batista de Andrade), Clandestinos (dir. Patrícia Morán), Os Desafinados (dir. Walter Lima Jr.), Tempo de Resistência (dir. André Ristum), Vôo Cego Rumo Sul (dir. Hermano Pena), Quando Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hambúrguer, 2007); Cidadão Boilesen, 2009 (Chaim Litewski); Em busca de Lara, 2003(Flávio Frederico); A memória que me contam, 2012 (Lúcia Murat); Repare bem, 2013 (Maria de Medeiros); Uma longa viagem, 2012 (Lúcia Murat); Infância clandestina, 2011(Benjamin); Marighella, 2012 (Isa Grinspum Ferraz). Olhares Anistia (Cleonildo Cruz, 2017); Quando chegar o momento (Dôra) (Luiz Alberto Sanz e Lars Säfström, Suécia, 1978).
As mobilizações pelas redes, muitas vezes, escapam ao controle dos poderosos monopólios da comunicação e do Estado. Suas consequências sociais podem sair da esfera nacional e permitir uma comunicação planetária, fazendo pressões de onde o Estado não esperava. Desta maneira, os filmes/documentários servirão, também, como forma de expor para o público as muitas questões que ocorreram no período de exceção brasileiro e que ainda precisam ser mais repercutidas, discutidas e analisadas pela sociedade.