Aline Ribeiro Nascimento
O que é a psicologia para Nietzsche?
Dissertação - Pós Graduação em Psicologia
Resumo: Este trabalho tem como objetivo buscar uma compreensão do
que é a psicologia para Nietzsche tendo em vista que, em diversos
momentos da sua obra, a palavra psicologia aparece e aponta
caminhos que se entrecruzam com uma crítica à filosofia, à moral, à
religião e à ciência. Para tanto, o filósofo utiliza, como critério de
avaliação, os conceitos de força e fraqueza, saúde e doença e busca,
como psicólogo, investigar e diagnosticar a saúde de uma cultura a
partir dessa base, pautado na arte de interpretação dos sintomas
manifestos na vida. Neste sentido, após caracterizarmos a força do
povo helênico através da tragédia grega e seu declínio, com a
introdução da metafísica socrática como opositora à vida, buscamos
compreender os efeitos desta oposição no modo de ser do homem
ocidental. Posteriormente discutimos os desdobramentos da
metafísica no plano da moralidade, onde a psicologia surge como
reprodutora deste ideal, isto é, presa a temores e preconceitos
morais. Seguimos, então, a proposta de uma nova psicologia,
pautada em outros valores, mais próximos da vida, em sua forma
plena, ou seja, entendida como vontade de potência. Para tanto, o
método que nos guia neste percurso é a genealogia, que, ao indagar
as condições e circunstâncias nas quais os valores surgem, aponta
para a vida como avaliadora, tendo o homem como instrumento de
avaliação da mesma. Ao psicólogo cabe avaliar e interpretar a vida
estampada na visão do homem, e, portanto, na cultura surgida
através dele. Neste novo percurso, busca afirmar o trágico como
condição de uma existência saudável, não mais pautada no bem e
no mal, mas para além do bem e do mal.
Os desafios da memória em direção à força de criação
Dissertação - Programa de Pós Graduação em Memória Social
Quando a transparência nos assombra
Resumo:
O presente artigo tem por objetivo contribuir com discussões contemporâneas sobre os
assombros cotidianos ligados, sobretudo, às práticas golpistas em curso no cenário
brasileiro, culminando, até o momento, fevereiro de 2018, na criação de um Decreto
federal que trata da intervenção militar na segurança pública no RJ e que comporta
muitos perigos. Para tanto, servindo-se de conceitos nietzschianos como niilismo,
genealogia, meio dia, dentre outros, buscará aproximar esses conceitos do modo de
subjetivação em curso e da herança, em nós e na sociedade, de práticas silenciadoras da
potência de diferir, bem como percorrerá os movimentos que apontam para a
possibilidade de sua reversão.
Nietzsche e(m) Foucault: O tiro espiritualizado da flecha do pensamento
Ressonâncias de Nietzsche em Foucault: o encontro criativo da flecha do pensamento
Ferramenta e ferrugem: apontamentos sobre o conceito de representação social
Resumo:
Tomando como ponto de partida formulações de Moscovici acerca da representação
social, o presente artigo se propõe a analisar: as condições de emergência desse
conceito; sua "mobilidade" em relação ao conceito de representação coletiva de
Durkheim; os instrumentos metodológicos fornecidos pelo autor para a pesquisa em
psicologia social; a repercussão no Brasil dos anos 1970 e1980, bem como as
implicações ético-políticas do conceito de representação social no campo da psicologia
social na atualidade. O convite que se faz ao leitor é o de percorrer a genealogia de
nossas práticas para problematizar a "função social" desse método de pesquisa.
Filosofia e experimentação: exercícios espirituais em Nietzsche e Foucault
Da invenção da memória às memórias inventadas
Resumo:
O presente ensaio pretende ser um convite para pensarmos em novas possibilidades de
construção de narrativas acerca da memória. Os protagonistas desse convite serão Fernando
Pessoa e Friedrich Nietzsche. Eles nos conduzirão num passeio no universo das sensações e
da potência de variação que podem ser extraídas delas, em suas obras e fora delas, pois têm
a capacidade ímpar de nos atingir e desviar nosso olhar do modo tradicional de pensarmos a
relação entre história e memória. A flecha que sai de seus escritos se chama diferença.
Veremos que esses autores podem trazer valiosas contribuições para pesquisas relacionadas
aos modos de construção e de escrita da História, estando, talvez, mais próximos de alguns
trabalhos desenvolvidos na história oral.
Exame criminológico: uma questão ética para a psicologia e para os psicólogos
BANDEIRA, BADARÓ, Maria Márcia ; CAMURI, CLAUDIA ; NASCIMENTO, Aline Ribeiro
Resumo:
Este artigo foi concebido pelas autoras a partir da suspensão dos efeitos da Resolução n°
09/2010, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que "Regulamenta a atuação do
psicólogo no sistema prisional". Esta suspensão é um acontecimento que denuncia o
jogo de forças presente no campo da execução penal, especialmente, no que tange à
prática do psicólogo e à realização ou não do exame criminológico. Portanto, nosso
objetivo é discutir as condições e circunstâncias em que o exame criminológico emerge
e se estabelece em nosso país e também contar um pouco da história das lutas que os
psicólogos vêm travando nesse campo desde a promulgação da Lei de Execução Penal
(LEP) n°7.210/1984 que institui o exame criminológico.
Os desafios da memória em direção às forças de criação
Resumo:
Apresentação oral na defesa da tese de doutorado Os desafios da memória em direção
as forças de criação, UNIRIO/PPGMS, 2011.
É legítimo matar em nome da lei?
NASCIMENTO, Aline R.; Zamora, Maria Helena
De Auschwitz a Tropa de Elite: modulações do estado de exceção?
Resumo:
Este trabalho pretende aproximar o filme "La tregua", baseado na obra de
Primo Levi, e os efeitos do filme "Tropa de Elite" no cenário brasileiro,
visando problematizar uma curiosa semelhança: a permissão para a
violência. Para tanto, buscaremos dialogar com autores como Zygmunt
Bauman, Hannah Arendt, Cecília Coimbra e Giorgio Agamben, dentre outros,
sendo que, a partir deste último, nos serviremos do conceito de Estado de
Exceção e apontaremos suas modulações. Uma delas se materializa na
naturalização de assassinatos que não têm penalidade jurídica, fomentada,
por sua vez, pela produção da imagem de "estado de guerra" que lhe serve
de base. Se a estrutura da exceção é entendida como um mecanismo
jurídico que se organiza na suspensão dos direitos em nome da necessidade
da ordem e esta possibilitou o nascimento dos campos de concentração,
observamos que ela ressurge, de maneira sutil, na relação entre pobreza =
criminalidade = repressão da violência = naturalização de assassinatos.
Da cultura platônico-judaico-cristã à cultura capitalística: modulações do niilismo na construção da memória
NASCIMENTO, Aline Ribeiro; Peixoto, Maria Ignês
Resumo: Neste artigo será discutida a relação entre niilismo e memória, tendo em vista que, na concepção nietzschiana, o niilismo é um acontecimento que se encontra na base de nossa cultura e a memória, como produção social, se modula junto a ele. Portanto, o niilismo não é um acontecimento recente, mas uma "doença" que percorre a história do nosso pensamento de tal maneira que se alastra em diversos campos: político, econômico, social, artístico etc. e com isso, atravessa e compõe modos de existência. A aposta quefaremos é problematizar as forças que estão em jogo tanto na base de nossa cultura quanto nos seus desdobramentos até atingirmos o chamado apogeu do niilismo e assim, costurarmos uma discussão com o modelo de sociedade atual, chamada por Deleuze e Guatarri, de capitalística. E, ao fazermos este percurso, pretendemos pensar as condições e circunstâncias nas quais a memória social emerge e se modula junto a essas forças.