Greves
A greve representa uma manifestação social, característica das novas relações sociais de trabalho, um código específico de protesto popular. Sua especificidade veio a se formar, reflexivamente, em um contexto histórico de transformações humanas - modernidade, globalização da cultura ocidental e organização capitalista. A relação patrão/trabalhador, empregador/empregado, burguês/proletário, torna-se um dos cernes da sociedade moderna e contemporânea, direcionando o conflito para um novo campo, os das classes sociais. A sociologia do conflito, baseada na dialética marxista, explica que o fenômeno do conflito universal entre força hegemônica e subordinada, se evidencia no próprio materialismo histórico das civilizações, isto é, na linearidade das relações de poder da história - faraós e hebreus, patrícios e plebeus, senhor e súditos, burguês e proletário. Mas que dentre a essa estrutura universal, cada momento de seu processo constituiu uma própria configuração social das relações de trabalho. A greve, se encontra por sua vez no seio da luta operária na modernidade, frente a uma industrialização maciça, uma urbanização desenfreada, proletarização e institucionalização do trabalho, uma situação de atravessamentos aberta entre empregado, empregadores e Estado, tornando-os centrais na organização da sociedade. Criado e usado como instrumento de luta das camadas populares dos trabalhadores, a greve se tornaria um instrumento global e seria usado em diversas lutas contra governos e grupos autoritários.
Vide a todas as lutas grevistas realizadas no período ditatorial (1964-1985), sua importância na derrubada do regime empresarial-militar foi de notável representação, não somente na luta pelos direitos trabalhistas, mas nos direitos civis e humanos da sociedade, entender o papel de luta do operário é entender a manutenção da democracia. Destacamos em alguns filmes a importância do instrumento de luta do trabalhador, a greve, uma vez que seu uso é legítimo e democrático, usado como direito e dever na restauração das necessidades mais básicas sociais e na reivindicação dos direitos mais primordiais da política.
Autor: Gabriel Mamede, graduando em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense, integrante da linha de pesquisa "Cinema e ditadura em plataforma virtual", vinculado ao grupo de pesquisa certificado no CNPq: "Subjetividade, Memória e Violência do Estado". Bolsista de Iniciação Científica/UFF.
Referência Bibliográfica:
PRIORI, Angelo et al. A Ditadura Militar e a violência contra os movimentos sociais, políticos e culturais. Maringá: Eduem, 2012.
MEMORIASDADITADURA. Operários. São Paulo, [20-?].
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